terça-feira, 8 de junho de 2010

Escravo moderno, o submisso do capitalismo

Os escravos tinham medo dos seus donos, tinham medo dos castigos que poderiam ser feitos, além do que fugir não era tarefa das mais fáceis, um negro na sociedade escravista com certeza seria abordado onde estivesse para que mostrasse se tinha autorização de seu dono para estar ali, por isso a formação de quilombos isolados, longe da sociedade que os submetem.

Atualmente vemos um monte de escravos. Tudo bem que nossos escravos atuais não levam chibatadas nem outros tipos de castigos corporais, mas sofrem. Muitos trabalham para ganhar dinheiro ou para achar que ganham, os escravos trabalhavam pois não tinham escolha, mas se pararmos pra pensar, quem hoje trabalha para ser escravo moderno, é porque está sem escolha. Muitas vezes o dinheiro que nossos escravos modernos recebem é tão pouco que sua relação com o trabalho vira uma dependência ou um circulo vicioso, suas dívidas crescem, e como os antigos donos de escravos, os atuais patrões enriquecem.

Agora onde estariam nossos quilombos? Sim, aquele lugar onde poderiamos nos refugiar, nos isolar da sociedade que nos submete, onde estaria nossos aliados, indivíduos como nós que precisam unir forças para impedir que voltemos para as mãos de patrões ricos e gananciosos, a resposta é, não há. O capitalismo é tão cruel que consegue colocar na cabeça da maioria que são trabalhadores livres, que no passado ja se tentou unir forças contra o mesmo autoritário capitalismo e não deu certo, imagens por todos os lados dizendo o que devemos fazer, o que precisamos adquirir.

Um lugar, onde talvez alguns tenham pensado que poderia ser o nosso atual quilombo, já há muito tempo encontra-se invadido pelos valores dos nossos grandes vilões. O capitalismo faz com que os nossos aliados se mantenham aprisionados na ilusão de uma novela das oito, a favela nada mais é que um lugar de submissão. Sei que há pessoas com ideias parecidas às minhas dentro destes lugares, mas o capitalismo ali é cruel, desde cedo uma criança que nasce alí vê, a todo momento, riqueza e pobreza. Traficantes em um final de semana de baile funk conseguem dinheiro superior ao que a mãe desta criança irá ganhar em 5 anos, homens armados de fuzis poderosos lutando contra outros homens armados de fuzis poderosos, ou seja, o capitalismo se esconde como inimigo e aparece como uma solução: se for travar uma luta, trave por dinheiro. você individuo ganancioso e ignorante defenda “seu” carregamento como se fosse seu.

Enquanto nossos possíveis aliados lutam por “migalhas” capitalistas, nossos “donos” esbajam suas grandes propriedades de luxo, seus carros de luxo, suas putas de luxo, sempre todos os bens ganhos com muito trabalho e honestidade, é sei… trabalho de milhões de escravos modernos subjulgados como incapazes, como não merecedores de dignidade, indivíduos feitos para serem capachos da ditadura do capital, dizem que isso é pura incopetência, diziam também que negros eram incapazes de ter um nível intelectual no patamar dos brancos, diziam isso para os negros acreditarem. Hoje dizem: trabalhe, ganhe seus R$ 400,00 , nossa empresa trabalha em todos estados do Brasil, atende milhares de empresas, e não pára de crescer a cada dia, damos chance de crescimento profissional, depois de longos anos recebera R$ 650,00.

Sei que existem inúmeros tipos de exploração mas cito o caso do setor que mais cresce que é o de serviços e conseqüentemente empresas de telemarketing em que o trabalho consiste na teoria escravo moderna mais concreta, no qual ir ao banheiro marca-se o tempo sem função, conversar durante o serviço é uma contravensão, não bater a meta é risco de cerão, trabalhar aos sabados é obrigação, reclamar com o patrão você é louco sem noção, tirar folga, se tiver sorte sim, azar não.

É, vai mal o nosso escravo, aceita tudo caladinho, agüenta um dos mais estressantes trabalhos do mundo comtemporâneo, recebe um salário de merda, trabalha com o tempo na tela do computador, a cobrança dos feitores modernos pedindo mais trabalho é demasiada, a empresa para motivar seus escravos mantém um clima digno de humor negro, bolas coloridas e doações de raspadinhas, mas o escravo não tem sorte e se submete a tudo isso para encarar a vida dura do capital.

Carlos Morais Barboza

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