quarta-feira, 30 de junho de 2010

GLOBALIZAÇÃO: A MÃO INVISÍVEL DO MERCADO MUNDIALIZADA NOS BOLSÕES DA DESIGUALDADE SOCIAL

A globalização ocorre no pós-guerra, uma nova ordem no relacionamento econômico entre as nações, seus mercados, capitais e serviços financeiros. A possibilidade de existência de mercados desvinculados do Estado considerada como a possibilidade da retomada do crescimento econômico e social do planeta.
Com a globalização e internacionalização econômica a palavra de ordem é a desregulamentação, liberar e privatizar.

Globalização e Neoliberalismo

As propostas neoliberais têm como princípio fundador o mercado, auto-unificado e auto-regulador das sociedades, fazendo coincidir a imperativa necessidade humana de desenvolvimento social com desenvolvimento despolitizado do mercado. O estado do bem-estar passa a ser questionado na medida em que, enquanto modelo político-econômico aumentou o déficit público, propiciou o crescimento de empresas públicas improdutivas, desestimulou o trabalho e a competitividade, reduziu a capacidade de poupança e o excedente de capital para ser reinvestido na produção, acabando por gerar níveis alarmantes de inflação.
No final da década de 70 com a crise, na ótica dos neoliberais, a economia internacional vem apresentando nítidos indícios da ineficiência do Estado para gerencia destas crises, assim o liberalismo apõe-se tanto ao aumento da carga fiscal sobre o capital, quanto aos níveis atingidos pelos gastos sociais do Estado.

A Produção Global

O mercado é caracterizado pelo neoliberalismo como democrático por excelência, produtor de uma ordem que se realiza a partir das múltiplas ações individuais orientadas por interesses particulares. No contexto da mundialização econômica, as soluções em questão vêm correspondendo à globalização da produção em torno do atendimento das novas exigências do mercado por diversidade e qualidade. As empresas buscam intensificarem novas formas de aumento da produtividade, de novos produtos e de novos mercados. A competição com base na inovação tecnológica transformou-se em fator dominante em muitas indústrias e em muitos serviços, e a intensificação das atividades tecnológicas.
A competição global estaria impondo uma nova forma de organização da produção, não mais fundamentada sobre a lógica de cisão entre planejamento e execução, o que justificaria a adoção de novos modelos de gestão para que a firma viesse responder rapidamente a uma alteração na demanda ou nos custos e, ao mesmo tempo, desenvolver a qualidade.
As novas exigências se constituiriam, ainda, no emprego de trabalhadores multiqualificados, trabalhando em grupos, e agora cooperando diretamente com os objetivos da empresa. A medida que o mundo se integra economicamente, as suas partes componentes estão se tornando mais numerosas, menores e mais importantes. De forma que as empresas deixam de usar a mão-de-obra terceirizada e agora terceiriza o serviço a empresas menores.
A concorrência global provoca nas empresas brasileiras um enxugamento dos quadros e minimização dos custos de produção de forma que vem diminuindo o número de trabalhadores na industria e aumentado ao mesmo tempo a produção, acompanhado de uma queda real dos salários.
O conjunto destes procedimentos, em tese comprometidas com a inserção das economias centrais e periféricas na competitividade internacional, vem obedecendo exclusivamente aos interesses de valorização do capital e, por conseguinte, respondendo a lógica de mercado em detrimento do desenvolvimento social. Desatrelado do Estado-Nação, o livre mercado mundial estaria implicando profundas transformações na estrutura dos processos produtivos e de trabalho, gerando o aumento da taxa de desemprego global em níveis alarmantes, contribuindo, por fim, para o aprofundamento das desigualdades sociais intra e entre nações.
A Produção Global de Desigualdades Sociais

O neoliberalismo avançou em conter o surto inflacionário da década de 70 e, ao mesmo tempo, promover a maxivalorização do capital, mas fracassou na recuperação da dinâmica do capitalismo. O sucesso do neoliberalismo veio de mãos-dadas com a inversão especulativa, com o desemprego estrutural, com a debilitação do movimento sindical e com uma drástica redução dos salários, gerando, com isto, o aumento das desigualdades sociais a nível global. Passou-se a produzir cada vez mais riquezas com menor necessidade de trabalho humano.
Em média, cerca de 800 milhões de pessoas têm fome diariamente e de nada dispõem para comer, 1.500 milhões não possuem acesso a tratamento medico básico; 1.750 milhões não sabem o que é água potável; 14 milhões de crianças morrem anualmente antes de atingirem 5 anos de idade sendo, 3 milhões por doenças imunizáveis; cerca de 150 milhões de crianças com menos de 5 anos experimentam a desgraça da subnutrição que as condenam, de uma forma ou de outra, a uma morte social e biológica.
O processo de globalização parece assim, engendrar um exército de reseva global de mão-de-obra pauperizada, que se estende da Europa Ocidental e do Norte da América ao Leste Europeu, à Índia, à África, ao Caribe e América Latina.

Considerações Finais

O neoliberalismo contemporâneo trata o futuro da humanidade como uma única sociedade, radicalmente competitiva, cujo substrato se traduz em uma economia mundial de mercado livre e unificado, garantido pelo impulso natural do homem à competição. A economia de mercado livre seria o espaço de regulação das sociedades, dos Estados, das empresas, do desenvolvimento cientifico e tecnológico, onde o trabalho humano viria torna-se mercadoria desimpedida a serviço produtividade, deslocado de qualquer determinante político, social ou cultural.
O projeto de globalização tem a seu serviço a hegemonia quase global do ideário neoliberal, o poderio econômico das empresas transnacionais, o enfraquecimento do Estado-Nação, a desregulamentação, privatização e liberalização das economias, a debilitação dos movimentos sindicais, a liberação do trabalho humano na produção, o controle sobre o desenvolvimento cientifico e tecnológico e, principalmente, a crise do “socialismo real”.
No entanto, tem como desabono a elevação dos níveis de desigualdade social, de miséria, de desemprego, a saturação do setor terciário e, sobretudo, a possível crise estrutural do processo de acumulação capitalista; crise esta camuflada sob a ideologia do ajusto econômico, ou seja, da estabilidade monetária e do equilíbrio orçamentário.
Trata-se de uma questão política e uma questão de poder. A solução ou o encaminhamento dos problemas concernentes à miséria e às desigualdades sociais devam ser debatidos no âmbito das nações e não no nível de uma unidade global de livre mercado. A globalização visa a romper pela competitividade dos mercados com o regionalismo dos problemas políticos, econômicos, sociais, culturais, etc., mas não resolve a questão da formação do trabalhador coletivo global.
O que se evidencia é que o neoliberalismo global, cinicamente, não se reconhece nos bolsões da desigualdade social. A mão invisível evita se sujar na mundialização das mazelas que ela mesma aprofundou.

Bibliografia:
SOUZA, Donaldo Bello. Globalização: A Mão Invisível do Mercado Mundializada nos Bolsões da Desigualdade Social. http://www.senac.br/BTS/222/boltec222a.htm.

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