sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mito da caverna de Platão

— Platão explicou muito claramente os seus pensamentos sobre a verdade e a realidade pelo célebre Mito da caverna, no 7.º livro da República (514 ss.).

αα) Modos de ser.

— Conosco homens, aí se diz, se passa o mesmo que com prisioneiros, que se achassem numa caverna subterrânea, encadeados, desde o nascimento, a um banco, de modo a nunca poderem voltar-se, e assim só poderem ver a parrede oposta â entrada. Por detrás deles, na entrada da caverna, corre por toda a largura dela, um muro, da altura de um homem: e. por trás deste, arde uma fogueira. Se entre esta e o muro passarem homens transportando imagens, estátuas, figuras de animais, utensílios etc, que ultrapassem a altura do muro, então as sombras desses objetos, que o fogo faz aparecerem, se projetam na parede da caverna, e os prisioneiros também percebem, além da sombra, o eco das palavras pronunciadas pelos homens que passam. Como esses prisioneiros nunca perceberam outra coisa senão as sombras e o éco, têm eles essas imagens pela verdadeira realidade. Se eles pudessem, por uma vez, voltar-se e contemplar, á luz do fogo, os próprios objetos, cujas sombras foram apenas o que até agora viram; e se pudessem ouvir diretamente os uns, além dos ecos até então ouvidos, sem dúvida ficariam atônitos com essa nova realidade. Mas se além disso pudessem, fora da caverna e à luz do sol, contemplar os próprios homens vivos, bem como os animais e as coisas reais, de que as figuras projetadas na caverna eram apenas cópias, então ficariam de todo fascinadas com essa realidade de forma tão diversa. Mas, se contarem aos prisioneiros, que permaneceram na caverna, que o que eles ouvem e vêem não é a legítima e verdadeira, realidade, por certo não o acreditariam eles e acabariam por zombar dos primeiros. E, se porventura alguém tentasse libertar os prisioneiros e trazê-los à luz do verdadeiro mundo, isso também poderia custar-lhes a vida.

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