Uma representação ao Ministério Público, assinada pelo deputado Giovani Cherini (PDT) quando ainda era presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, resultou em processo por crime contra a honra para o músico gaúcho Tonho Crocco. O músico fez um rap no qual chamava de “gangue” os 36 deputados que aprovaram aumento de 73% em seus próprios salários, em dezembro do ano passado.
Atualmente deputado federal, Cherini encaminhou uma representação ao Ministério Público para que analisasse o vídeo divulgado pelo músico e, caso necessário, tomasse providências. Tonho Crocco recebeu nesta semana uma intimação para uma audiência preliminar no dia 22 de agosto, da qual Cherini também vai participar.
Em dezembro do ano passado, no penúltimo dia de trabalhos da Assembleia Legislativa, os deputados estaduais gaúchos aprovaram um reajuste de 73% em seus próprios salários. Os vencimentos dos parlamentares pularam de R$ 11,5 mil para R$ 20 mil. A proposta foi aprovada por 36 votos contra 11. A bancada do PT e o petebista Cassiá Carpes votaram contra o projeto.
Indignado com o aumento, o músico Tonho Crocco, fundador da banda Ultramen e atualmente em carreira solo, decidiu fazer um rap, que intitulou “Gangue da Matriz”, em referência a uma gangue de jovens que atuava nos anos 80 nos arredores da Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre, em frente à Assembleia. Na internet, o vídeo com a interpretação de Tonho Crocco foi amplamente divulgado no início de janeiro deste ano.
No rap, que fala sobre um “crime” cometido à luz do dia, o músico faz referência a vários deputados que aprovaram o aumento de salário. “Raul Carrion, que decepção, até os que eu achava que eram sangue bom”, diz, sobre o deputado do PCdoB. “Odone e Záchia, no Gre-Nal do reajuste”, sobre os deputados Paulo Odone e Luiz Fernando Záchia, ligados respectivamente a Grêmio e Internacional. O nome de Cherini, no entanto, não é citado na música.
“Estou atordoado”, diz Tonho Crocco
Procurado pelo Sul21, Giovani Cherini negou que estivesse processando o músico gaúcho. “Não estou processando ele, deve ter havido algum erro. Vou procurar me informar”, disse o deputado. Mais tarde, no Twitter, Cherini escreceu: “Não ingressei com ação contra Tonho Crocco. Como presidente (da Assembleia), ofereci representação ao MP para que, havendo ilicitude, tomasse providências”.
Na representação, Cherini afirmou que “eleito pelos deputados estaduais como representante do povo gaúcho”, expressava sua “insurgência contra a manifestação espúria de Antonio Crocco, que enseja o presente pedido de providências ao Ministério Público Estadual”.
“Estou atordoado em receber esta intimação. Eu não cito o deputado Cherini no meu som. Eu confirmei que não é uma ação da Assembleia, é uma ação pessoal, movida pelo deputado me acusando de crime contra a honra”, disse Tonho Crocco ao Sul21. Segundo o músico, o atual presidente da Assembleia, Adão Villaverde (PT), telefonou para dizer que não se tratava de um processo da instituição.
“Meu verdadeiro temor é que se abra um precedente coibindo as manifestações políticas, principalmente aquelas que usam de vias pacíficas e da arte como forma de expressão”, escreveu o músico, em nota divulgada em seu site oficial.
O advogado do músico, Marcelo Almeida, ainda prepara os argumentos da defesa, mas lembra que o principal é a liberdade de expressão. “Isto é um direito básico dos músicos, da imprensa e de qualquer cidadão”, afirma.
Assista o vídeo com o rap que resultou em processo. Clique aqui.
*Matéria publicada originalmente no Sul21
Atualmente deputado federal, Cherini encaminhou uma representação ao Ministério Público para que analisasse o vídeo divulgado pelo músico e, caso necessário, tomasse providências. Tonho Crocco recebeu nesta semana uma intimação para uma audiência preliminar no dia 22 de agosto, da qual Cherini também vai participar.
Em dezembro do ano passado, no penúltimo dia de trabalhos da Assembleia Legislativa, os deputados estaduais gaúchos aprovaram um reajuste de 73% em seus próprios salários. Os vencimentos dos parlamentares pularam de R$ 11,5 mil para R$ 20 mil. A proposta foi aprovada por 36 votos contra 11. A bancada do PT e o petebista Cassiá Carpes votaram contra o projeto.
Indignado com o aumento, o músico Tonho Crocco, fundador da banda Ultramen e atualmente em carreira solo, decidiu fazer um rap, que intitulou “Gangue da Matriz”, em referência a uma gangue de jovens que atuava nos anos 80 nos arredores da Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre, em frente à Assembleia. Na internet, o vídeo com a interpretação de Tonho Crocco foi amplamente divulgado no início de janeiro deste ano.
No rap, que fala sobre um “crime” cometido à luz do dia, o músico faz referência a vários deputados que aprovaram o aumento de salário. “Raul Carrion, que decepção, até os que eu achava que eram sangue bom”, diz, sobre o deputado do PCdoB. “Odone e Záchia, no Gre-Nal do reajuste”, sobre os deputados Paulo Odone e Luiz Fernando Záchia, ligados respectivamente a Grêmio e Internacional. O nome de Cherini, no entanto, não é citado na música.
“Estou atordoado”, diz Tonho Crocco
Procurado pelo Sul21, Giovani Cherini negou que estivesse processando o músico gaúcho. “Não estou processando ele, deve ter havido algum erro. Vou procurar me informar”, disse o deputado. Mais tarde, no Twitter, Cherini escreceu: “Não ingressei com ação contra Tonho Crocco. Como presidente (da Assembleia), ofereci representação ao MP para que, havendo ilicitude, tomasse providências”.
Na representação, Cherini afirmou que “eleito pelos deputados estaduais como representante do povo gaúcho”, expressava sua “insurgência contra a manifestação espúria de Antonio Crocco, que enseja o presente pedido de providências ao Ministério Público Estadual”.
“Estou atordoado em receber esta intimação. Eu não cito o deputado Cherini no meu som. Eu confirmei que não é uma ação da Assembleia, é uma ação pessoal, movida pelo deputado me acusando de crime contra a honra”, disse Tonho Crocco ao Sul21. Segundo o músico, o atual presidente da Assembleia, Adão Villaverde (PT), telefonou para dizer que não se tratava de um processo da instituição.
“Meu verdadeiro temor é que se abra um precedente coibindo as manifestações políticas, principalmente aquelas que usam de vias pacíficas e da arte como forma de expressão”, escreveu o músico, em nota divulgada em seu site oficial.
O advogado do músico, Marcelo Almeida, ainda prepara os argumentos da defesa, mas lembra que o principal é a liberdade de expressão. “Isto é um direito básico dos músicos, da imprensa e de qualquer cidadão”, afirma.
Assista o vídeo com o rap que resultou em processo. Clique aqui.
*Matéria publicada originalmente no Sul21
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