quarta-feira, 13 de abril de 2011

Movimento Zapatista ?!

As revoluções protagonizadas nos países da América Latina inauguraram uma verdadeira cultura de lutas políticas populares ao longo do continente americano. Entre os mais diversos movimentos surgidos na pós-independência das nações americanas, encontramos a influência de diferentes justificativas ideológicas e a construção de perspectivas históricas específicas. O passado colonial, o caudilhismo, o imperialismo norte-americano são algumas das idéias que imprimem as justificativas de tais mobilizações.



Além de agruparem homens e marcarem a história, esses movimentos também criam na ascensão de grandes personagens que se mitificaram ao longo da história política americana. No México, a Revolução Mexicana (1910) foi responsável pela criação de dois grandes ícones: Francisco Pancho Villa e Emiliano Zapata. A rebeldia, a origem camponesa e a luta armada transformaram esses dois personagens em referências para um vindouro movimento contemporâneo no México.


No estado de Chiapas, um dos mais pobres do México, vários camponeses de procedência indígena organizaram, em 1994, o Exército Zapatista de Libertação Nacional. Liderados pelo subcomandante Marcos, os revoltosos realizaram ataques surpresa que tomaram repentinamente várias cidades do sul mexicano. Entrando em conflito com as tropas do governo, o Exército Zapatista apresentou grande resistência frente os exércitos oficiais.


Conquistando a simpatia de uma expressiva parcela da população camponesa do México, o movimento luta pela ampliação de direito dos camponeses e o fim do NAFTA (Tratado de Livre Comércio da América do Norte). De acordo com os integrantes do movimento, o México necessitava sofrer uma profunda transformação política, social e econômica. Em 1997, uma grande marcha sobre a capital do México mostrou ao mundo a força galgada pelo movimento.


Reagindo violentamente contra os revolucionários, o governo realizou uma ocupação armada na região de Chiapas. Durante os confrontos, 45 indígenas zapatistas foram mortos no massacre da Aldeia de Acteal. A partir de então, o movimento ganhou destaque nas manchetes do mundo inteiro demonstrando a situação no México. Atualmente, o movimento ainda vive e demonstra que as desigualdades e os problemas históricos dos camponeses mexicanos ainda perduram.


Por Rainer Sousa

Mestre em História

Economia e Racionalidade Ambiental

Por Evandro Brandão Barbosa


Ambiental ou ecologicamente correto é cuidar para que a sua vida enquanto indivíduo tenha qualidade suficiente para durar uma quantidade de anos suficiente para interagir com muita gente, dar muitas risadas, resolver muitos problemas individuais e coletivos e, acima de tudo, participar da construção de um mundo menos solitário. Isso é sustentavelmente praticável, se esse mundo sonhado existir antes dentro de cada ser humano. Se tudo isso parecer uma viagem, o objetivo foi atingido, mesmo antes de concluir a leitura do texto.


O capitalismo criou mecanismos de produção, distribuição e consumo que tornou o sistema econômico auto-sustentado. A utilização dos fatores de produção – capital, recursos naturais e mão de obra – de forma a gerar produtos e serviços capazes de satisfazerem as necessidades das pessoas é o processo natural de qualquer sistema econômico. Porém, a forma de produção, a distribuição e o nível de consumo apresentam-se de forma diferenciada no sistema socialista e no sistema capitalista.


No socialismo a produção é planejada pelo Governo Central; a distribuição dos produtos é administrada pelo Governo e o nível de consumo das empresas e das famílias também é administrado pelo Governo, de forma que a centralização da gestão operacional do sistema econômico pertence ao Governo, pois é este que se considera conhecedor das necessidades das empresas e das famílias, por isso orquestra todo o sistema.


No sistema capitalista, a produção, a distribuição e o nível de consumo são definidos pelos governos, pessoas e empresas; tudo subordinado ao nível de renda de cada um desses agentes econômicos.


As discussões sobre o processo de produção capitalista questionam a forma como os recursos naturais são explorados. Após cinco séculos de existência do capitalismo, o uso ostensivo dos recursos naturais do planeta atingiu nivel tão elevado que alterou e continua alterando o equilíbrio dióxido de carbono na atmosfera, além de causar exaurimento de diversos recursos naturais. Portanto, a necessidade de criar um novo sistema econômico é mais do que urgente; as práticas produtivas denominadas sustentáveis porque utilizam-se da racionalidade no usos dos recursos naturais e na adoção de medidas que buscam garantir qualidade de vida às gerações futuras integram o conjunto de estratégias em busca de um tipo de desenvolvimento adjetivado de sustentável.


Enquanto as medidas paliativas que integram as práticas de sustentabilidade estiverem sendo incrementadas no interior dos processos do sistema capitalista não é possível considerar a existência de um desenvolvimento socioeconômico e ambiental sustentável. Por maior que seja a responsabilidade social das pessoas, das empresas e dos governos por meio de boas práticas ambientais e de racionalidade no usos dos recursos naturais no processo produtivo, o capitalismo não produzirá desenvolvimento sustentável.


Durante uma palestra na Universidade Federal do Amazonas, durante o Seminário de Meio Ambiente, em junho de 2010, o pesquisador, pensador e professor mexicano Enrique Leff, alertou sobre a necessidade de se desenvolver a racionalidade ambiental, como forma de desenvolver um sistema econômico que se relacione com a natureza de forma diferente de como o capitalismo a trata, apenas como fonte recursos a serem explorados para o atendimento de ssitemas produtivos. A economia capitalista não se ecologisará; ou seja, por mais atraentes que sejam os discursos do capitalismo enaltecendo a importância da ecologia, as empresas capitalistas continuarão exaurindo recursos, poluindo e reduzindo a potencialidade da biodiversidade dos ecosistemas. Para isso, alimenta as informações de que o avanço tecnológico será capaz de solucionar os problemas criados pelo sistema capitalista durante séculos.


Portanto, é preciso reconhecer que o incentivo ao consumismo, o dinamismo do avanço tecnológico para produzir sempre mais e a veiculação midiática da necessidade de ampliar as ações da logística reversa de pós-venda e pós-consumo, e, por fim, reverberar discursos sobre a necessidade de redução de emissão de carbono, de eficiência energética e de realização de boas práticas ambientais em busca de um desenvolvimento sustentável, sob pena de fazer o planeta sucumbir, são estratégias do sistema capitalista cujo objetivo é a sua auto-sustentação.


A racionalidade ambiental consiste em respeitar a biodiversidade, praticar a vontade ontológica do ser – querer ser mais – sem desrespeitar o ser do outro; é trocar conhecimentos para aprender mais e viver melhor sem a concorrência que busca estabelecer melhorias para uns e não para outros; é reconhecer que o sistema econômico capitalista não prioriza o meio ambiente e por isso não tem condições de ser reformado para transformar-se em um sistema com racionalidade ambiental. A racionalidade ambiental somente pode ser sedimentada no interior de um sistema econômico e social no qual a solidariedade nas fases de produção, distribuição e consumo esteja consolidada. A busca incessante do lucro, as alianças estratégicas da empresa visando a redução da concorrência e valorização das pessoas com base no nível de consumismo das famílias não combinam com a racionalidade ambiental discutida neste texto.


É nesse contexto que a sociedade se rende aos discursos de desenvolvimento sustentável, porque é interessante, é radiante, é mágico; fazer campanhas em prol da sustentabilidade, plantar árvores, mitigar carbono através de ações de eficiência energética e avanço tecnologico para criar energias alternativas e renováveis; tudo isso é muito empolgante, mas enquanto o sistema for o capitalismo, este permanecerá auto-sustentado, porque sempre soube desenvolver estratégias para isso, porém, a criação de desenvolvimento sustentável não é possível. De medidas paliativas de cunho ambiental, com o objetivo de remendar as ruturas do capitalismo, a comunidade mundial está farta e cheia.